30/07/2014 ás 09:54:34
Lojistas lamentam Copa
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» MANOELA ALCÂNTARA
» SAULO ARAÚJO
A Copa do Mundo não aqueceu o comércio do Distrito Federal. Contrariando as expectativas, a maioria dos setores apresentou queda nas vendas, um fenômeno que se repete desde maio. A frustração dos empresários com o maior evento esportivo do planeta é confirmada por uma pesquisa da Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio). Para 46,2% dos donos de estabelecimentos, os jogos em Brasília não foram positivos.
O único segmento que teve motivos para comemorar foi o de material esportivo. Lojas especializadas em vendas de camisas e artigos das 32 seleções que disputaram o Mundial no Brasil lucraram. Mais da metade dos lojistas desse ramo (51,2%) considerou o evento positivo. Mesmo assim, não foi suficiente para elevar a média negativa de quase 9% de queda nas vendas, de acordo com a resposta do empresariado da cidade.
Quem mais contribuiu para a diminuição foram os restaurantes (-27%), as lojas de departamento (-25%) e as de vestuário (-23%). Para o presidente da Fecomércio, Adelmir Santana, o fenômeno não surpreendeu. Ele disse que já esperava pela redução, mas não poderia transmitir um clima de pessimismo ao comércio. "Para mim, foi algo natural, mas, obviamente, não poderia desestimular. O que aconteceu em Brasília foi semelhante a Londres, durante os Jogos Olímpicos. O comércio caiu vertiginosamente, mas, depois, a cidade começou a colher os frutos, com a visitação em massa de turistas", comparou.
Segundo ele, os índices negativos devem ser revertidos nos próximos meses, desde que o governo saiba tirar proveito da boa imagem deixada por Brasília durante o Mundial. "Tivemos uma exposição midiática importante e, agora, temos de saber tirar proveito disso. É a oportunidade para despertar na população brasileira o desejo de conhecer a capital do país. Naturalmente, vai contribuir para aquecer as vendas", afirmou.
Antes do início dos jogos, o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (CLDF), Álvaro Silveira Júnior, previa o fracasso nas vendas. Sobre a surpreendente redução de quase 30% no número de frequentadores dos restaurantes, ele explicou. "Brasília tem uma característica de receber negócios, congressos e reuniões políticas. Esse público é o que movimenta os restaurantes. O público da Copa ficou restrito a alguns bares do início das asas Sul e Norte e do Sudoeste. No geral, o movimento caiu", disse.
Ele ainda acrescentou que, aliado a isso, as pessoas se sentiam desmotivadas para sair de casa em dias de partidas na cidade. "Ninguém quer ficar preso em bloqueios no trânsito. Além disso, tivemos as férias escolares, que levaram muitos brasilienses a viajar. Portanto, fora os estabelecimentos situados na região central, o comércio sofreu com a redução na procura", enfatizou.
O gerente de uma loja de calçados em Taguatinga Norte, Maurício Francisco de Souza, 38 anos, explicou que as vendas foram estáveis, mas a esperança era de crescimento. "Vendemos muitas chuteiras infantis, mas os outros produtos não tiveram tanta saída. O movimento na loja na Copa foi normal, o que prejudicou um pouco foram os dias em que fechávamos por causa do jogo do Brasil", disse.
"Tivemos uma exposição midiática importante e, agora, temos de saber tirar proveito disso. É a oportunidade para despertar na população brasileira o desejo de conhecer a capital do país. Naturalmente, vai contribuir para aquecer as vendas" Adelmir Santana, presidente da Fecomércio